Médicos e pesquisadores nacionais e
internacionais estarão na capital capixaba em grande evento de saúde, que
tratará de doença de grande impacto social, político e econômico
O Espírito Santo vai
sediar o VIII Simpósio Brasileiro de Doença Falciforme (DF), que se
realizará entre 5 e 7 de novembro próximo, no Centro de Convenções de Vitória,
capital do estado. Trata-se de um evento de saúde sobre uma doença que tem
grande impacto político, econômico e social. A razão disso está no fato de que
a DF se caracteriza como uma enfermidade crônica, genética e hereditária. Tem
origem milenar na África e resultou de uma mutação nas hemácias de povos
daquele continente. Essas hemácias, em lugar do formato redondo, adquiriram a
feição de uma foice – daí o nome da doença, falciforme –, que vem do inglês sickle
(foice), haja vista que a sua descoberta por pesquisadores ocorreu nos EUA,
há pouco mais de cem anos.
A doença chegou ao
Brasil com a escravidão de negros africanos, que ocorreu aqui ao longo de
séculos, e tem como grupo-alvo seus descendentes, portanto, o contingente de
afrodescendentes, que já ultrapassa 50% da população nacional. Admite-se que
existam, hoje, no Brasil, mais de 50 mil pessoas com DF. Na Bahia, em cada 650
crianças nascidas vivas, uma tem a doença. Em cada 17 delas, uma nasce com
traço falciforme. A pessoa que nasce com esta característica genética, o traço
falciforme, é saudável. E as famílias têm direito a orientação e ao
aconselhamento genético.
O Espírito Santo,
que já conta uma população de pardos e negros de 57%, segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um dos estados
brasileiros onde mais a doença incide. A relação é de 1.1800, ou seja, nasce
por ano uma criança com a doença entre cada 1.800 nascidos vivos. É exatamente
pelo fato de a DF ser prevalente nesse grupo étnico, os afrodescendentes, que
ela precisa ser considerada pelo impacto político, econômico e social que
provoca. É um grupo social de menor poder aquisitivo e com o qual a sociedade
brasileira tem uma dívida histórica, em função da escravidão.
Por esse motivo, o
país, depois de ampla atuação do Movimento Negro, entendeu que a DF deveria ser
tratada pela via de uma política compensatória de saúde. Desse modo, o
Ministério da Saúde (MS) instituiu, em 2005, a Política Nacional de Atenção
Integral às Pessoas com Doença Falciforme (PNDF). A partir de 2015, essa
política de saúde pública já dispõe de toda a normatização oficial necessária
no Sistema Único de Saúde (SUS), para que as pessoas com essa enfermidade e as
suas famílias tenham atenção e cuidado especiais, ofertados segundo uma visão
multidisciplinar e multiprofissional, cobrindo todas as áreas do conhecimento
indispensáveis para que possam ter vida mais longa e de melhor qualidade.
O VIII Simpósio de
Doença Falciforme – uma parceria do Ministério da Saúde com a Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES), a Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo, a Secretaria
Municipal de Saúde de Vitória e a Federação Nacional das Associações de Pessoas
com Doenças Falciformes (Fenafal) – será um grande passo para agregar
multidisciplinarmente os saberes, as pesquisas e as questões que permeiam a
atenção às pessoas com a doença. O evento vai aprofundar exatamente o conceito
de redes de atenção à saúde no âmbito do SUS. Uma doença como a DF exige
atendimento em rede, e entre os desafios para o aprimoramento desse conceito
está a qualificação dos trabalhadores do SUS para conhecer, identificar e
cuidar das pessoas com DF. O Ministério da Saúde reconhece a necessidade de
investimentos e esforços para que o SUS saiba acolher em todos os níveis as
pessoas com essa enfermidade.
O simpósio terá na presidência geral
a médica capixaba Cecília Figueira, da UFES, oncologista e estudiosa da DF. A
capital capixaba foi escolhida para sediar o evento no encerramento do simpósio
anterior realizado em Salvador, BA, em 2013. O comitê científico será presidido
pelo médico Paulo Ivo Cortez de Araújo, hematologista do Instituto de Pediatria e
Puericultura Martagão Gesteira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(IPPMG/UFRJ), especialista em DF e assessor do MS. Médicos, pesquisadores,
trabalhadores do SUS, representantes dos usuários dos estados e outros
profissionais de saúde do país e do exterior participarão do evento. No dia 3,
a Fenafal realizará, no mesmo espaço do simpósio, mais um Encontro Nacional das
Associações e Grupos de Pessoas com Doença Falciforme (Enafal).
As inscrições para participação devem
ser feitas no site do próprio evento (www.8simposiodoencafalciforme.com.br).
GoogleTalk: crhisouzacs@gmail.com
Tel: (27) 3205-1000 / 99812-9468
Tel: (27) 3205-1000 / 99812-9468
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