Município é o maior exportador da
fruta, fazendo com que atividade represente 20% do PIB agrícola local
Brasília – Linhares é conhecido como a capital
nacional de exportação do mamão. Quem passa pelas estradas da região pode ver
milhares de mamoeiros, muitos deles alternados com outras culturas, como café e
eucalipto. A importância desta cultura para a cidade pode ser comprovada nos
números. O município tem o segundo Produto Interno Bruto (PIB) do estado. Só a
agropecuária local contribuiu, em 2015, com um PIB de R$ 238,8 milhões e 20%
deste total vêm da cadeia produtiva da fruta.
Mas por
trás de todo o status do mamão em Linhares, há um trabalho criterioso para que
o município continue sendo destaque com a exportação da fruta. Para conferir de
perto o que é feito para atender às exigências dos consumidores, integrantes da
Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do
Brasil (CNA) e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Fruticultura do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) visitaram duas
unidades produtivas da região na semana passada.
Na
primeira propriedade, pertencente à empresa UGBP (Union of Growers of Brazilian
Papaya Ltda), a placa que certifica que aquela fazenda está apta para exportar
fica na entrada do pomar. Nesta fazenda, o controle de doenças e pragas é
rigoroso, exigência dos norte-americanos, que estão entre os principais
consumidores do papaya brasileiro. “Se não tivermos esse cuidado, perdemos tudo
muito rápido”, explica José Roberto Fontes, responsável técnico da propriedade.
A UGBP
exporta boa parte de sua produção para os Estados Unidos, por isso todo o rigor
na prevenção e combate a doenças e pragas, com práticas de manejo adequadas.
Quando um pé é infestado, deve ser cortado para não contaminar toda a lavoura.
Esta prática é conhecida como roguing. Todo cuidado é pouco para
impedir a manifestação da meleira, do mosaico e de outras viroses que afetam os
mamoeiros e provocam sintomas como manchas nas frutas e folhas e a falta de
coagulação do látex que serve para proteger os mamoeiros.
Alguns
quilômetros adiante, também em Linhares, fica uma unidade de packing house,
pertencente à Frutmel, onde é feito o trabalho de industrialização do mamão
produzido na propriedade da mesma empresa. No local, a fruta passa pelas etapas
de lavagem, embalagem e resfriamento, de acordo com as exigências dos mercados
consumidores. “Vendemos para a Europa, Estados Unidos e para o mercado interno
e as caixas são separadas de acordo com o destino do mamão”, explica Rodrigo
Pessotti, proprietário da unidade.
Desafios
e problemas – O
Brasil é o segundo maior produtor e exportador mundial de mamão, atrás de
México e Índia, respectivamente. Entre os principais consumidores da fruta
brasileira, estão Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e Portugal. A produção
brasileira é de 1,5 milhão de toneladas, em uma área de 32 mil hectares, o que
gera produtividade próxima de 50 toneladas por hectare. Além do Espírito Santo,
destacam-se na atividade a Bahia, maior fornecedor nacional, e o Rio Grande do
Norte. Apesar da importância da cultura para algumas regiões, como o norte
capixaba e o sul baiano, alguns fatores ainda são entraves para um maior crescimento.
“Ainda há
algumas barreiras comerciais e fitossanitárias para que o país exporte ainda
mais o mamão”, ressalta o presidente da Associação Brasileira de Produtores e
Exportadores de Papaya (Brapex), Rodrigo Martins. A questão da liberação e
defensivos para as pequenas culturas, as minor crops, é outro entrave a
ser resolvido. “Quem produz mamão e outras frutas tem esse problema. Porque
posso aplicar em uma cultura e na cultura do lado não?”, questiona Ulisses
Brambini, produtor de mamão no sul da Bahia.
Este ano,
especificamente, a atividade enfrenta a estiagem prolongada e a falta de água,
que inviabilizou a produção. “Foi um fator atípico, que não escolhe região ou
cultura”, acrescenta Martins. “O déficit hídrico é uma questão que afetou todo
o país e precisamos estar preparados para isso com técnicas que permitam o uso
racional da água”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Produtores e
Exportadores de Frutas e Derivados (Abrapex), Luiz Roberto Barcelos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário